20/03 – Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos.

20/03 – Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos.

Quarta-feira, 20 de março de 2024.

 

Evangelho (Jo 8,31-42)

 

“Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos”

 

Naquele tempo, 31Jesus disse aos judeus que nele tinham acreditado: ‘Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, 32e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.’ 33Responderam eles: ‘Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?’ 34Jesus respondeu: ‘Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. 35O escravo não permanece para sempre numa família, mas o filho permanece nela para sempre. 36Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 37Bem sei que sois descendentes de Abraão, no entanto, procurais matar-me, porque a minha palavra não é acolhida por vós. 38Eu falo o que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai.’ 39Eles responderam então: ‘O nosso pai é Abraão.’ Disse-lhes Jesus: ‘Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão! 40Mas agora, vós procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto, Abraão não o fez. 41Vós fazeis as obras do vosso pai.’ Disseram-lhe, então: ‘Nós não nascemos do adultério, temos um só pai: Deus.’ 42Respondeu-lhes Jesus: ‘Se Deus fosse vosso Pai, vós certamente me amaríeis, porque de Deus é que eu saí, e vim. Não vim por mim mesmo, mas foi ele que me enviou.

 

Reflexão

 

Liberdade, o que realmente nos faz livres? Ou melhor dizendo, o que significa agir livremente? Muitos de nós combatemos pela liberdade. Dostoevskij escreveu: o homem combate sempre pela liberdade, e logo depois descobre-se escravo. Como isso é possível? O filósofo Aristóteles define como livre um ato que não tem outra causa se não ele mesmo. É um ato que ninguém nos impõem, ao qual ninguém te obriga. Mas é um ato bom, segundo a natureza. O pecado ao invés, é contra a natureza, portanto, também contra a liberdade. Começa com um pensamento ruim, com uma inclinação perversa que, se observamos bem, não vem de nós mesmos. O pensamento ruim vem de fora, nós nos colocamos o desejo de realizá-lo. Talvez tentemos até resistir, depois consentimos, e nos iludimos de haver agido livremente. Na realidade, cedendo a uma pressão, nos tornamos escravos. O evangelho nos diz que a verdade nos fará livres. Ninguém admite de ter cedido aos cativos impulsos. Quando realizou aquilo que o pensamento ruim lhe sugeriu, depois procura um jeito de justificar-se. Se por exemplo perdemos a paciência e agredimos alguém, dificilmente admitimos de não termos sido capazes de nos controlar. Nos justificamos dizendo de ter agido por amor a justiça: também Cristo se enraiveceu e expulsou os vendilhões do Templo. Mesmo não dizendo a verdade sobre si mesmo, o homem se coloca a citar as Escrituras. Segundo os autores, é um perigoso engano espiritual. A vida construída sobre ilusões é como a casa sobre a areia, que cai diante das primeiras dificuldades. Os livros espirituais nos dizem de pedir conselhos ao diretor espiritual para vermos onde estamos nos enganando. Mas não será fácil que o diretor espiritual seja explícito em mostrar o nosso erro; procurará antes dizer qualquer palavra que possa colocar a pessoa no caminho justo para chegar a entender sozinho. Sabemos que reconhecer o erro é o primeiro passo para corrigir-se. Mas a consciência, sozinha, não é capaz de vencer a escravidão do pecado. O bem é segundo a lei da natureza e segundo aquela de Deus. Mas o pecado nos impôs uma tendência que se repete com tamanha frequência que quase parece criar uma lei. São Paulo fala da “lei do pecado” que habita na sua carne e que combate contra a lei do espírito. No capítulo 7 da carta aos Romanos ele descreve esta luta de modo sugestivo: “Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim… Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! São Paulo viveu com a própria experiência aquilo que Cristo promete a todos, que fará de nós homens verdadeiramente livres.

 

Pe. Paulo Eduardo Jácomo, SDB.

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