Quem não reza?

 

QUEM NÃO REZA?

 

Um camponês, durante um dia de mercado, parou para almoçar em um restaurante lotado, onde costumeiramente também faziam refeições a fina flor da cidade. O camponês encontrou lugar para sentar-se numa mesa onde já estavam sentados outros clientes e fez o seu pedido ao garçom. Quando terminou de ordenar o seu pedido, juntou as mãos e fez uma oração. Os seus vizinhos o observavam com uma curiosidade cheia de ironia, um jovem lhe perguntou: “Na sua casa se faz sempre assim? Todos verdadeiramente rezam?”

O camponês, que havia começado a comer tranquilamente, respondeu: “Não, também entre nós existem alguns que não rezam”.

O jovem exclamou: “Ah, sim? Quem é que não reza?”

“Bem”, prosseguiu o camponês “por exemplo as minhas vacas, o meu burro, os meus porcos…”

“Me recordo que uma vez, depois de ter caminhado toda a noite, dormimos ao amanhecer próximo a um bosque. Um dos nossos companheiros de viagem deu um grito e se colocou no isolado e no silêncio sem repousar um minuto. Quando amanheceu lhe perguntou: “O que te aconteceu?”. Respondeu: “Ouvi as cigarras que começaram a cantar sobre as árvores, ouvi as perdizes sobre os montes, as rãs nas águas e os animais no bosque. Pensei que não era justo que todos estivessem empenhados em louvar ao Senhor, e que somente eu dormisse sem pensar Nele”.

 

FERRERO, Bruno. Il Canto del grillo, Ed. Elledici, Torino- IT, 13ª. Ristampa, 2010. (Tradução: Pe. Paulo E. Jácomo, sdb).