Retiro Espiritual – Outubro

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  1. Introdução

 

Neste mês de outubro o tema do nosso Retiro Mensal é um convite a uma reflexão sobre a nossa ação evangelizadora. Quando falamos de “ação evangelizadora”, estamos querendo dizer a ação de cada um. Não por outra finalidade o tema do nosso retiro quer nos levar a avaliarmos como aconteceu e se aconteceu o nosso encontro com Cristo e o que este encontro provocou em nós. Encontrar-se com Cristo é transformador, assim como foi para São Paulo. É um encontro contagiante que nos leva a anuncia-lo, é um encontro que nos torna discípulos e missionários.

 

Rezemos:

“Deus Espírito Santo, renova a nossa vida: envia a Tua luz e dá-nos coragem e força. Vem, Espírito Santo. Vem a nós com Teus dons: bondade, mansidão e paciência. Vem, Espírito Santo. Não permitas que o mal nos destrua, mas ajuda-nos a superar o mal pelo bem. Vem, Espírito Santo. Dirige nosso pensamento e nossa ação, ajuda-nos na nossa fraqueza, pois sem Ti nada podemos fazer. Vem, Espírito Santo. Faze-nos boas testemunhas de Cristo e deixa-nos encontrar alegria junto de Ti. Vem, Espírito Santo. Amém!”

 

 

  1. Meditação I: “O Amor de Cristo nos impele a sermos discípulos e missionários”

 

Ser discípulo/a é uma condição que nasce pelo fascínio do encontro pessoal com Cristo ressuscitado. Quando pensamos desta maneira, o grande exemplo que nos vem em mente é o de São Paulo. Ele aparece como modelo ímpar de apóstolo no amor e no seguimento de Jesus. São Paulo nos diz: “Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho” (1 Cor 9, 16). Certamente a experiência do encontro pessoal com Cristo tocou fundo a pessoa de Paulo, provocando nele a conversão e o compromisso inadiável com o anúncio explícito do Evangelho. Sua conversão não resultou de bonitos pensamentos, de puras reflexões pessoais, mas foi fruto de uma intervenção divina, de uma graça divina imprevisível. A partir dessa mudança, tudo o que antes constituía para ele um valor se converteu em perda e lixo (cf. Fl 3, 7-10). Desde aquele momento, Paulo pôs todas as suas energias a serviço exclusivo de Jesus Cristo e de seu Evangelho. Ele se definirá como “apóstolo por vocação” (cf. Rm 1, 1; 1 Cor 1, 1); ou “apóstolo por vontade de Deus” (2 Cor 1, 1; Ef 1, 1; Cl 1, 1), um apóstolo que quer “fazer-se tudo a todos” (1 Cor 9, 22) sem reservas.

 

São Paulo foi “alcançado por Cristo Jesus” (Fl 3, 12). Discípulo missionário, apaixonado por Cristo, fez Dele o princípio e o centro de sua vida. Não se cansou de anunciar Jesus ressuscitado, ainda que isso lhe tenha custado inúmeras dificuldades. Ele mesmo relata o que teve de suportar (cf. 2 Cor 11, 24-28). Nada o continha nem o retinha no anunciar o Evangelho a toda a criatura e por toda parte. Para enfrentar tudo o que enfrentou, Paulo tinha uma razão muito forte: “o amor de Cristo nos impele” (2 Cor 5, 14).

Quem de nós é capaz de repetir com Paulo: “Para mim viver é Cristo (Fl 1, 21). “Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1 Cor 11, 1). “Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim; a minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2, 20).

 

Paulo não conviveu pessoalmente com Jesus de Nazaré, não participou das idas e vindas missionárias de Jesus pela Judéia, Galiléia e Samaria. Não presenciou nenhum milagre realizado por Jesus. Mas, a partir daquela inesquecível interpelação: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”, sentiu-se agarrado por Jesus, a ponto de fazer sua opção radical por Ele: “que queres que eu faça?” (At 9, 4-6).

 

Paulo se apresenta ainda como modelo de evangelizador. “Vós bem sabeis de que modo me comportei em relação a vós… Servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas e em meio a provações que sofri… Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós, nem de vos ensinar, publicamente e de casa em casa” (At 20, 18-20). Percebe-se como Paulo se sentia “uma coisa só” com a sua comunidade.

 

Servir o Senhor é a primeira realidade, a primeira missão, o primeiro dever de todo batizado/a. O bom apóstolo se julga e sabe que é visto pelos outros como um servo de Cristo. Mas antes de ser servo da comunidade, devo estar a serviço de Cristo, alcançado por Ele… O ministro do Senhor não ficará devendo nada a ninguém a não ser a Cristo. Não precisar agradar a ninguém, não precisar corresponder a ninguém a não ser a Cristo, é uma grande vantagem no serviço pastoral. Servir entre lágrimas, com zelo, com fervor, com inteligência, com coragem, com perseverança e com toda humildade…, pois, no serviço de todo discípulo/a missionário/a há lágrimas, provações, perseguições, insídias de toda sorte, dificuldades… Também nós, somos capazes de derramar lágrimas de zelo e de amor pelas pessoas a nós confiadas? Com que intensidade emotiva vivemos nossa missão pastoral? Quais são as alegrias e as angústias de nosso apostolado? A imagem de “discípulo missionário” e de pastor que Paulo nos dá é de um homem profunda, emotiva e afetivamente envolvido naquilo que faz.

 

Tenhamos também nós a “fineza paulina” na conquista das almas e dos corações. Olhemos para Paulo e procuremos reproduzir em nossa ação evangelizadora o que ele confessa: “De modo nenhum considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e realize o ministério que recebi do Senhor Jesus: testemunhar a Boa Nova da graça de Deus” (At 20, 24). São Paulo, sem dúvida nenhuma, impelido pelo amor de Cristo se tornou “discípulo e missionário” e esta também é a nossa missão.

 

 

  1. Meditação II: MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2021[1]

 

Roma, em São João de Latrão,

Solenidade da Epifania do Senhor, 6 de janeiro de 2021.

 

 

«Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20)

 

Queridos irmãos e irmãs!

 

Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: «Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes» (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão.

 

A experiência dos Apóstolos

 

A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: «Eram as quatro da tarde» (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41).

 

Com Jesus, vimos, ouvimos e constatamos que as coisas podem mudar. Ele inaugurou – já para os dias de hoje – os tempos futuros, recordando-nos uma caraterística essencial do nosso ser humano, tantas vezes esquecida: «fomos criados para a plenitude, que só se alcança no amor» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 68). Tempos novos, que suscitam uma fé capaz de estimular iniciativas e plasmar comunidades a partir de homens e mulheres que aprendem a ocupar-se da fragilidade própria e dos outros (cf. ibid., 67), promovendo a fraternidade e a amizade social. A comunidade eclesial mostra a sua beleza, sempre que se lembra, com gratidão, que o Senhor nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4, 19). Esta «predileção amorosa do Senhor surpreende-nos e gera maravilha; esta, por sua natureza, não pode ser possuída nem imposta por nós. (…) Só assim pode florir o milagre da gratuidade, do dom gratuito de si mesmo. O próprio ardor missionário nunca se pode obter em consequência dum raciocínio ou dum cálculo. Colocar-se “em estado de missão” é um reflexo da gratidão» (Francisco, Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, 21 de maio de 2020).

 

E, no entanto, os tempos não eram fáceis; os primeiros cristãos começaram a sua vida de fé num ambiente hostil e árduo. Histórias de marginalização e prisão entrelaçavam-se com resistências internas e externas, que pareciam contradizer e até negar o que tinham visto e ouvido; mas isso, em vez de ser uma dificuldade ou um obstáculo que poderia levá-los a retrair-se ou fechar-se em si mesmos, impeliu-os a transformar cada incómodo, contrariedade e dificuldade em oportunidade para a missão. Os próprios limites e impedimentos tornaram-se um lugar privilegiado para ungir, tudo e todos, com o Espírito do Senhor. Nada e ninguém podia permanecer alheio ao anúncio libertador.

 

Possuímos o testemunho vivo de tudo isto nos Atos dos Apóstolos, livro que os discípulos missionários sempre têm à mão. É o livro que mostra como o perfume do Evangelho se difundiu à passagem deles, suscitando aquela alegria que só o Espírito nos pode dar. O livro dos Atos dos Apóstolos ensina-nos a viver as provações unindo-nos a Cristo, para maturar a «convicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos», e a certeza de que «a pessoa que se oferece e entrega a Deus por amor, seguramente será fecunda (cf. Jo 15, 5)» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 279).

 

O mesmo se passa conosco: o momento histórico atual também não é fácil. A situação da pandemia evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças e as fragmentações e polarizações que nos dilaceram silenciosamente. Os mais frágeis e vulneráveis sentiram ainda mais a sua vulnerabilidade e fragilidade. Experimentamos o desânimo, a decepção, o cansaço; e até a amargura conformista, que tira a esperança, se apoderou do nosso olhar. Nós, porém, «não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos por amor de Jesus» (2 Cor 4, 5). Por isso ouvimos ressoar nas nossas comunidades e famílias a Palavra de vida que ecoa nos nossos corações dizendo: «Não está aqui; ressuscitou» (Lc 24, 6); uma Palavra de esperança, que desfaz qualquer determinismo e, a quantos se deixam tocar por ela, dá a liberdade e a audácia necessárias para se levantar e procurar, criativamente, todas as formas possíveis de viver a compaixão, «sacramental» da proximidade de Deus para conosco que não abandona ninguém na beira da estrada. Neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome dum sadio distanciamento social, é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção. «O que vimos e ouvimos» (At 4, 20), a misericórdia com que fomos tratados, transforma-se no ponto de referimento e credibilidade que nos permite recuperar e partilhar a paixão por criar «uma comunidade de pertença e solidariedade, à qual saibamos destinar tempo, esforço e bens» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 36). É a sua Palavra que diariamente nos redime e salva das desculpas que levam a fechar-nos no mais vil dos ceticismos: «Tanto faz; nada mudará!» Pois, à pergunta «para que hei de privar-me das minhas seguranças, comodidades e prazeres, se não vou ver qualquer resultado importante», a resposta é sempre a mesma: «Jesus Cristo triunfou sobre o pecado e a morte e possui todo o poder. Jesus Cristo vive verdadeiramente» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 275) e, também a nós, nos quer vivos, fraternos e capazes de acolher e partilhar esta esperança. No contexto atual, há urgente necessidade de missionários de esperança que, ungidos pelo Senhor, sejam capazes de lembrar profeticamente que ninguém se salva sozinho.

 

Como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós exclamamos com todas as nossas forças: «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20). Tudo o que recebemos, tudo aquilo que o Senhor nos tem concedido, ofereceu-no-lo para o pormos a render doando-o gratuitamente aos outros. Como os apóstolos que viram, ouviram e tocaram a salvação de Jesus (cf. 1 Jo 1, 1-4), também nós, hoje, podemos tocar a carne sofredora e gloriosa de Cristo na história de cada dia e encontrar coragem para partilhar com todos um destino de esperança, esse traço indubitável que provém de saber que estamos acompanhados pelo Senhor. Como cristãos, não podemos reservar o Senhor para nós mesmos: a missão evangelizadora da Igreja exprime a sua valência integral e pública na transformação do mundo e na salvaguarda da criação.

 

Um convite a cada um de nós

 

O tema do Dia Mundial das Missões deste ano – «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20) – é um convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração. Esta missão é, e sempre foi, a identidade da Igreja: «ela existe para evangelizar» (São Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 14). No isolamento pessoal ou fechando-se em pequenos grupos, a nossa vida de fé esmorece, perde profecia e capacidade de encanto e gratidão; por sua própria dinâmica, exige uma abertura crescente, capaz de alcançar e abraçar a todos. Atraídos pelo Senhor e a vida nova que oferecia, os primeiros cristãos, em vez de cederem à tentação de se fechar numa elite, foram ao encontro dos povos para testemunhar o que viram e ouviram: o Reino de Deus está próximo. Fizeram-no com a generosidade, gratidão e nobreza próprias das pessoas que semeiam, sabendo que outros comerão o fruto da sua dedicação e sacrifício. Por isso apraz-me pensar que «mesmo os mais frágeis, limitados e feridos podem [ser missionários] à sua maneira, porque sempre devemos permitir que o bem seja comunicado, embora coexista com muitas fragilidades» (Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 239).

 

No Dia Mundial das Missões que se celebra anualmente no penúltimo domingo de outubro, recordamos com gratidão todas as pessoas, cujo testemunho de vida nos ajuda a renovar o nosso compromisso batismal de ser apóstolos generosos e jubilosos do Evangelho. Lembramos especialmente aqueles que foram capazes de partir, deixar terra e família para que o Evangelho pudesse atingir sem demora e sem medo aqueles ângulos de aldeias e cidades onde tantas vidas estão sedentas de bênção.

 

Contemplar o seu testemunho missionário impele-nos a ser corajosos e a pedir, com insistência, «ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2), cientes de que a vocação para a missão não é algo do passado nem uma recordação romântica de outrora. Hoje, Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão. E esta chamada, fá-la a todos nós, embora não da mesma forma. Lembremo-nos que existem periferias que estão perto de nós, no centro duma cidade ou na própria família. Há também um aspeto da abertura universal do amor que não é geográfico, mas existencial. Sempre, mas especialmente nestes tempos de pandemia, é importante aumentar a capacidade diária de alargar os nossos círculos, chegar àqueles que, espontaneamente, não sentiria como parte do «meu mundo de interesses», embora estejam perto de nós (cf. Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 97). Viver a missão é aventurar-se no cultivo dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus e, com Ele, acreditar que a pessoa ao meu lado é também meu irmão, minha irmã. Que o seu amor de compaixão desperte também o nosso e, a todos, nos torne discípulos missionários.

 

Maria, a primeira discípula missionária, faça crescer em todos os batizados o desejo de ser sal e luz nas nossas terras (cf. Mt 5, 13-14).

 

Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Epifania do Senhor, 6 de janeiro de 2021.

 

 

  1. Para Recordar:

 

 

  1. São Paulo VI: “Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade”.

 

  1. Papa Francisco: “Jesus, «o primeiro e maior evangelizador» (Paulo VI), que incessantemente nos envia a anunciar o Evangelho do amor de Deus Pai, com a força do Espírito Santo”.

 

  1. São Beda: “Aquele que prega deve confiar tanto em Deus, ao ponto de estar seguro de que não lhe faltará o necessário para a vida, mesmo que ele não possa procurá-lo; posto que não deva ocupar-se menos das coisas eternas, ocupando-se das temporais”.

 

  1. São Paulo VI: “O empenho em anunciar o Evangelho aos homens do nosso tempo, animados pela esperança mas ao mesmo tempo torturados muitas vezes pelo medo e pela angústia, é sem dúvida alguma um serviço prestado à comunidade dos cristãos, bem como a toda a humanidade”.

 

  1. Santo Agostinho: Jesus “não queria que eles possuíssem nem levassem nada consigo; não porque a vida não tenha as suas necessidades, mas porque

deste modo, os crentes a quem anunciassem o Evangelho haveriam de provê-los do necessário…”

 

  1. São João Paulo II: “Verdadeiramente o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial: a Sua obra brilha esplendorosamente na missão”.

 

  1. Papa Francisco: “Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte…”

 

  1. São Paulo VI: “Ela (a Igreja) existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição”.

 

  1. São João Paulo II: “Evangelizar é antes de tudo testemunhar de modo simples e direto Deus revelado por Jesus Cristo no Espírito Santo”.

 

 

Oração

 

Deus Pai, Filho e Espírito Santo, fonte transbordante da missão,

Ajuda-nos a compreender que a vida é missão, dom e compromisso.

Que Maria, nossa intercessora na cidade, no campo,

na Amazônia e em toda parte, ajude, cada um de nós,

a ser testemunhas proféticas do Evangelho,

numa Igreja sinodal e em estado permanente de missão.

Eis-me aqui, Senhor, envia-me!

Amém.

 

  1. Leitura Espiritual: JOÃO PAULO II[2]

 

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II

PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 1981

 

Caros Irmãos e Irmãs em Cristo

 

O Dia Missionário Mundial é acontecimento importante na vida da Igreja. Pode mesmo dizer-se que a sua importância cresce sem cessar.

 

Talvez nunca como hoje a missão confiada à Igreja pelo Seu Fundador, “Ide, pois, ensinai todas as nações” (Mt 28, 19; cf. Mc 16, 15), tenha assumido tal amplidão e urgência. Mais que nunca a Igreja deve fazer próprias as palavras do Apóstolo: “Ai de mim, se não evangelizar!” (1 Cor 9, 16).

 

  1. Por uma Igreja missionária

 

O Dia Missionário Mundial é a ocasião por excelência para uma tomada de consciência geral do dever missionário e para recordar a todos os membros da Igreja, qualquer que seja a sua função e o seu posto, que estão responsabilizados neste dever. Todos devem meditar os textos vigorosos do Concílio Vaticano II, em que se afirma que a Igreja inteira é missionária, que a obra de evangelização é o dever fundamental do Povo de Deus (Ad Gentes, 35) e que a cada discípulo de Cristo compete a sua parte na missão de difundir a fé (Lumen Gentium, 17). É necessário incessantemente retomar o ensinamento do Concílio, expresso em tantos documentos seus, aprofundado pelo Sínodo dos Bispos de 1974 e sintetizado pelo Papa Paulo VI na sua Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi de 8 de Dezembro de 1975. Se uma vez mais vos convido a voltar a estes documentos, tantas vezes citados, é porque estou convencido da importância deles, que deve ser cada vez mais aprofundada.

 

O Dia Missionário Mundial é ocasião para cada um fazer nesta matéria um exame de consciência e expor ao Povo de Deus a doutrina da Igreja: de facto, está em jogo o futuro da evangelização do mundo. Se todos os cristãos estivessem persuadidos dos seus deveres missionários, as dificuldades seriam menos pesadas.

 

Neste sentido, é motivo de grande esperança ver multiplicarem-se no mundo pequenas comunidades cristãs, dinâmicas e abertas, que compreenderam a própria responsabilidade no anúncio do Evangelho, penhor de promoção de um mundo melhor.

 

Outro fenómeno, que nos alegra e pelo qual devemos dar graças ao Senhor, é o nascimento de um movimento missionário nas jovens Igrejas, que de evangelizadas se tornam evangelizadoras. Em muitos países de missão, o número de missionários que partem para levar a mensagem evangélica aos não-cristãos — seja noutras regiões do seu país, seja nos outros países, seja noutros continentes — aumenta de dia para dia. Em cada continente, encontram-se atualmente missionários provenientes de todos os países do mundo.

 

As jovens Igrejas, que por sua vez se tornaram missionárias, dão prova da sua maturidade na fé. Compreenderam que uma Igreja particular, que não seja missionária, não é plenamente católica. Com efeito, se é missionária a Igreja inteira, devem-no ser igualmente as Igrejas particulares: “Estas são formadas à imagem da Igreja universal. É nelas e a partir delas que existe a Igreja una e única” (Lumen Gentium, 23). Uma Igreja fechada em si mesma, sem abertura missionária, é Igreja incompleta ou está doente. O exemplo do despertar missionário nas Igrejas jovens pode recordar esta verdade também às Igrejas antigas, que, depois de terem exercido um esforço admirável, parecem por vezes abandonar-se ao desânimo e à dúvida acerca do seu dever missionário.

 

  1. O serviço missionário do Papa

 

Toca ao Papa recordar este dever missionário a todos os seus irmãos em Cristo. Como Pastor supremo de uma Igreja inteiramente missionária, ele deve ser o primeiro missionário, esforçando-se por imitar o exemplo de Cristo, “o primeiro e o maior evangelizador” (Evangelii nuntiandi, 7), e colocando-se sob a guia do Espírito Santo, “o Agente principal da evangelização” (ibid., 75).

 

Desde o início do meu Pontificada meditei as palavras do Concílio Vaticano II, onde se diz que ao Sucessor de Pedro “foi confiada, de modo particular, a grande missão de propagar o nome cristão” (Lumen Gentium, 23; cf. Evangelii nuntiandi, 67). A exemplo do meu Predecessor Paulo VI, pus-me em viagens, para visitar numerosos países, entre os quais alguns em que Cristo quase não é conhecido ou o anúncio missionário do Evangelho está ainda incompleto. As minhas viagens à América Latina, à África e Ásia tiveram “finalidade eminentemente religiosa e missionária” como eu dizia antes de partir para a África. Quis anunciar eu mesmo o Evangelho, fazendo-me de algum modo catequista itinerante, e animar todos os que estão ao seu serviço, quer provenham dos próprios países, quer provenham de outros para colocar-se ao serviço de uma Igreja local. A todos quis prestar homenagem e exprimir os meus sentimentos de gratidão em nome da Igreja universal. Estas viagens permitiram-se admirar a fé, as riquezas espirituais e a vitalidade das jovens Igrejas, partilhar das suas alegrias, das suas necessidades e dos seus sofrimentos, animá-las nos seus esforços para enraizar a fé cristã na cultura que lhes é própria. O contato com estas massas humanas que ainda ignoram a Cristo convenceu-me, mais ainda que antes, da urgência do anúncio evangélico. O Mundo tem tanta necessidade de Cristo! E aqueles que estão nos postos avançados desta missão evangélica sabem-no melhor que qualquer outro. A colaboração de todas as Igrejas na evangelização do mundo não deve enfraquecer-se.

 

  1. A função evangelizadora da família

 

Fazendo apelo à colaboração de todos para a obra missionária, queria dirigir-me em primeiro lugar às famílias cristãs. O nosso tempo precisa que se torne a pôr em evidência a importância da família, da sua vitalidade e do seu equilíbrio. Isto é verdade no plano humano: a família, é célula de base da sociedade, o fundamento das suas qualidades profundas. Isto é verdade também para o Corpo místico de Cristo, que é a Igreja; e foi por isso que o Concílio deu à família o belo título de “Igreja doméstica” (Lumen Gentium, 11). A evangelização da família constitui, portanto, o objetivo principal da ação pastoral, e esta por sua vez não consegue plenamente a própria finalidade, se as famílias cristãs não se tornam, elas mesmas, evangelizadoras e missionárias: o aprofundamento da consciência espiritual pessoal leva cada um, pais e filhos, a que tenha o próprio papel a própria importância para a vida cristã de todos os outros membros da família.

 

Não há qualquer dúvida de que, no plano religioso como no plano humano, a ação da família depende dos pais, da consciência que têm das próprias responsabilidades e do valor cristão deles. É a eles, portanto, que desejaria especialmente dirigir-me. Com as suas palavras e com o testemunho da sua vida, conforme ensina a Exortação Apostólica Catechesi tradendae, os pais são os primeiros catequistas dos filhos (cf. n. 68). Nesta atividade, a oração deve ocupar o primeiro lugar, e ser-me-á permitido insistir neste ponto. A oração, de facto, apesar do belo renovamento verificado num ou noutro ponto, continua a ser difícil para muitos cristãos, que rezam pouco. Estes perguntam-se: para que serve a oração? é compatível com o nosso moderno sentimento da eficiência? não há porventura algo de mesquinho em responder com a oração às necessidades materiais e espirituais do mundo?

 

Diante destas dificuldades, saibamos mostrar incessantemente que a oração cristã é inseparável da nossa fé em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, da nossa fé no Seu amor e no Seu poder redentor, que está em atividade no mundo. Por isso a oração vale primeiro que tudo para nós: Senhor, “aumenta a nossa fé” (Lc 17, 6). Tem como finalidade a nossa conversão, isto é, como explicava já São Cipriano, a disponibilidade interior e exterior, a vontade de abrir-se à ação transformadora da Graça. “Dizendo: Santificado seja o Vosso nome…, nós pedimos insistentemente, pois fomos santificados com o baptismo, que perseveremos naquilo que começámos a ser… Venha a nós o Vosso reino: pedimos que o Reino de Deus se realize em nós no sentido em que imploramos seja o Seu nome santificado em nós… Acrescentamos depois: Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu, para nós podermos fazer o que Deus quer… A vontade de Deus é o que Cristo fez e ensinou” (S. Cipriano, De oratione dominica). A verdade da oração implica a verdade da vida; a oração é ao mesmo tempo a causa e o resultado de um modo de viver, que se coloca à luz do Evangelho. Neste sentido, a oração dos pais, como a da comunidade cristã, será para os filhos uma iniciação na busca de Deus e em ouvir os seus convites. O testemunho de vida encontra então todo o seu valor. Supõe que os filhos aprendem na família, como consequência normal da oração, a olhar cristãmente para o mundo, segundo o Evangelho. Isto supõe também que eles na família aprendem concretamente que na vida há preocupações mais fundamentais que o dinheiro, as férias ou o divertimento. Então a educação ministrada aos filhos poderá abri-los ao dinamismo missionário como a uma dimensão integrante da vida cristã, porque os pais e os outros educadores estarão eles próprios impregnados de espírito missionário, inseparável do sentir da Igreja. Com o exemplo, mais ainda do que com as suas palavras, eles ensinarão aos próprios filhos a serem generosos para com os mais fracos, a partilharem a sua fé e os seus bens materiais com as crianças e os jovens que ignoram ainda a Cristo ou são as primeiras vítimas da pobreza e da ignorância. Então, os pais cristãos hão de tornar-se capazes de considerar o surgir de uma vocação sacerdotal ou religiosa missionária como uma das mais belas provas da autenticidade da educação cristã por eles ministrada, e pedirão ao Senhor que chame algum dos seus filhos. A solicitude missionária manifesta-se assim como elemento essencial da santidade da família cristã. Como afirmava o meu venerado Predecessor João Paulo I: “Com a oração familiar, a Igreja doméstica torna-se realidade efetiva e leva à transformação do mundo. E todos os esforços dos pais para impregnar os filhos com o amor de Deus e para os manter com o exemplo da fé, constituem um apostolado entre os mais importantes do século XX” (Alocução aos Bispos americanos em visita ad Limina, a 21 de Setembro de 1978; AAS 70, 1978, p. 767).

 

Nesta ocasião, desejaria recomendar aos pais e a todos os educadores católicos uma obra importante, instituída há mais de um século (1843), para ajudá-los na educação missionária, dos próprios filhos, a qual põe à disposição destes os meios adequados. Quero referir-me à Pontifícia Obra da Santa Infância, que tem por finalidade favorecer a difusão do espírito missionário entre as crianças.

 

  1. As Pontifícias Obras Missionárias ao serviço da missão universal

 

A organização da ação missionária durante o mês de Outubro, o mês das Missões, de que o Dia Mundial é o ponto culminante, está confiada às Pontifícias Obras Missionárias, porque a instituição deste Dia é devida à iniciativa delas. Nestes últimos anos, as Pontifícias Obras Missionárias foram eretas em todas as jovens Igrejas. Em toda a parte, têm elas como objetivo “imbuir católicos desde a infância, num sentido verdadeiramente universal e católico” (Ad Gentes, 38). Como é dito nos Estatutos, que aprovei no ano passado (26 de Junho de 1980), isto constitui o fim primário o principal delas. São a instituição destinada também a promover a cooperação missionária de cada Igreja particular, de cada Bispo, de cada paróquia, de cada comunidade, de cada família e de cada pessoa. Sendo isto um dever para todos, pode-se pedir a cada um que principie por ajudar a ação das Pontifícias Obras Missionárias.

 

A solicitude missionária exprime-se em diversas maneiras. “Sendo a evangelização primeiro que tudo atividade do Espírito Santo, é necessário reservar o primeiro lugar para a oração e o sacrifício”, como acabo de salientar e como os Estatutos dessas Obras com razão recordam. Além disso, é necessário um esforço comum e intenso para fazer surgir e levar à maturidade as vocações missionárias. Se o mundo tem mais que nunca necessidade de Cristo e do seu Evangelho, o número dos pregadores da Boa Nova deve crescer proporcionalmente.

 

A cooperação missionária tem também como finalidade sustentar materialmente a evangelização. Descuidar ou criticar este aspecto poderia ser subtil pretexto para nos dispensarmos de ser generosos. As necessidades financeiras das jovens Igrejas, que pertencem quase todas aos países do Terceiro Mundo, são ainda enormes, apesar dos seus esforços para chegarem a uma autonomia financeira. A elas é necessário um auxílio tanto para os Seminários, que asseguram a formação e a manutenção dos futuros sacerdotes, como para fazer viver os atuais colaboradores da missão ou para permitir a construção de Igrejas, Escolas. Dispensários ou Centros indispensáveis para a ação social. Para enfrentar estas necessidades quotidianas e essenciais, as jovens Igrejas devem poder contar com a ajuda regular e segura. É esta a razão pela qual faço apelo a todos, a fim de contribuírem para o fundo central das Pontifícias Obras Missionárias, que têm precisamente por finalidade assegurar-lhes este contributo regular. O exemplo dos cristãos nos países menos favorecidos, que, apesar da sua pobreza, oferecem o próprio óbolo, deve levar a que reflitam os dos países ricos, que muitas vezes não dão mais que uma partezinha do seu supérfluo.

 

É motivo de alegria verificar como, em muitos cristãos, vai sempre crescendo a solicitude pelas necessidades dos países e das Igrejas do Terceiro Mundo, como também se vão multiplicando sempre de modo mais notável as iniciativas particulares para vir em auxílio de pessoas ou de projetos em tais regiões. É isto o sinal de um sentido missionário e de um sentido de justiça que aumentaram. Apesar disto, convém atribuir lugar privilegiado às Pontifícios Obras Missionárias, pois sustentam o anúncio direto do Evangelho, que é o dever fundamental e próprio da Igreja. É precisamente neste anúncio que está o fundamento do verdadeiro desenvolvimento e da verdadeira libertação humana.

 

Ora, mediante os seus programas de auxílio universal, as Pontifícias Obras Missionárias tomam a seu cargo as necessidades de todas as jovens Igrejas, sem exclusão alguma. Esta universalidade é o seu carácter próprio. É esta a razão por que a solicitude dos operários apostólicos pelo próprio país, ou pelos projetos de que estão pessoalmente informados, não devem tornar-se exclusiva, mas integrar-se no conjunto do esforço de evangelização ao serviço de todas as jovens Igrejas. Presentemente são os pastores destas Igrejas que levam o peso material da iniciativa missionária. Portanto, na cooperação missionária é necessário pensar em primeiro lugar nas jovens Igrejas, e mesmo em todas. Este modo de cooperação poderá ter talvez como consequência que se sintam as pessoas menos obrigadas para casos singulares mas vejam a necessidade de dar de maneira mais desinteressada. Este modo de dar pode assim revelar-se mais evangélico e mais eficaz.

 

Só um fundo de solidariedade central pode evitar o perigo de esquecer algumas Igrejas, sobretudo as mais pobres, ou certas necessidades essenciais delas. Só, mediante um programa de auxílio apropriado às várias necessidades, se pode evitar o inconveniente dos particularismos e, portanto, da discriminação em distribuir os subsídios. É precisamente o que procura o Conselho Superior das Pontifícias Obras Missionárias, composto de representantes de todas as Igrejas, o qual dispõe dos conselhos e das informações da Sagrada Congregação para a Evangelização dos Povos.

 

Por conseguinte, o mês de Outubro deve ser por toda a parte o mês da missão universal, mês do recíproco auxílio missionário sob a égide das Pontifícias Obras Missionárias. Por esta razão, os Bispos são convidados, segundo os novos Estatutos destas Obras, “a pedir aos responsáveis das obras católicas e aos fiéis que renunciem às coletas, com carácter particular, durante este período”. Já no passado, diversos Bispos, seguindo o exemplo da Santa Sé, deram diretivas a este propósito.

 

Por fim — tereis certamente a peito recordá-lo — a cooperação missionária não deve ser comprometida pela presente crise económica, sofrida por todos os países do mundo. Não se torne esta crise, para os cristãos dos países ricos, uma desculpa que leve a diminuir a própria generosidade. Não esqueçam estes que os países e as Igrejas do Terceiro Mundo são atingidos, mais ainda que eles, por esta crise.

 

Para concluir desejaria recordar-vos que a celebração do Congresso Eucarístico Internacional de Lourdes, no próximo mês de Julho, deveria estimular o zelo missionário da Igreja. A Eucaristia, que faz a Igreja e é “a fonte e convergência de toda a vida cristã” (Lumen Gentium, 11), é o sacramento que significa e realiza a unidade entre todos os membros da Igreja. A Eucaristia torna-os solidários uns dos outros, impele-os a repartir a sua fé, as suas riquezas espirituais, os seus sofrimentos e o seu pão material. Por isso, aqueles que participam da Eucaristia são convidados a participar também na missão de Cristo, a levar a Sua mensagem a todos os homens: a liturgia eucarística deve estar, portanto no centro da celebração do Dia Mundial das Missões.

 

Oxalá o Senhor, que deu à Sua Igreja a ordem de reunir discípulos de todas as nações, manifeste também, mediante os nossos esforços, aquele poder que Lhe foi dado no céu e na terra (cf. Mt 28, 18-19)! A Bem-aventurada Virgem Maria, Padroeira das missões, nos ajude a corresponder à exortação de Cristo ressuscitado! A vós, caros Irmãos no Episcopado; a todos os missionários que se prodigalizam generosamente pela messe; a vós Comunidades diocesanas; e, em particular, àqueles que souberem compreender este apelo e a ele corresponder com magnanimidade inspirada pelo interior renovamento — envio de todo o coração a Bênção Apostólica.

 

Do Vaticano, 7 de Junho de 1981, terceiro do meu Pontificado.

 

 

  1. Exame de Consciência

 

  1. Preocupei-me por renovar minha fé cristã através da oração, a participação ativa e atenta da missa dominical, a leitura da Palavra de Deus, etc.? Guardo os domingos e dias de festa da Igreja? Cumpri com o preceito anual da confissão e a comunhão pascal?

 

  1. Ofereço ao Senhor meus trabalhos e alegrias? Recorro a Ele constantemente, ou só o busco quando o necessito?

 

  1. Que uso tenho feito do tempo e dos talentos que Deus me deu? Me esforço por superar os vícios e inclinações más como a preguiça, a avareza, a gula, a bebida, a droga?

 

  1. Amo de coração o meu próximo como a mim mesmo e como o Senhor Jesus me pede que o ame?

 

  1. Compartilho meus bens e meu tempo com os mais pobres, ou sou egoísta e indiferente à dor de outros? Participo das obras de evangelização e promoção humana da Igreja?

 

  1. Estudo minha fé católica (Bíblia, magistério, livros sólidos) ou me contento com meu próprio modo de entender a Deus? Estou avançando em minha formação como devo?

-Que passos práticos dou para me formar na fé?

  1. Sou testemunho? Sou sal da terra e luz do mundo?
  2. Me esforço de todo coração para que Cristo seja conhecido e amado por todos?
  3. Estou em comunhão com o espírito missionário da Igreja?
  4. Levo a minhas amizades ao Senhor ou deixo que elas me arrastem ao mundo?
  5. Quando evangelizo, faço com segurança ou como se fosse uma opinião qualquer? Respondo ao Espírito ou me paralisa pensar no ‘que dirão’? Domínio das Emoções: Ressentimentos, caprichos, impulsos, medos….
  6. Quais são minhas emoções mais salientes? Submeto-as ao Senhor para as processar para o bem? De que forma estão afetando meu comportamento?
  7. Procuro primeiro meu interesse e comodidade ou servir com amor?

 

 

  1. Ato de Contrição[3]

 

Senhor, eu me arrependo sinceramente de todo mal que pratiquei e do bem que deixei de fazer. Pecando, eu vos ofendi, meu Deus e meu sumo bem, digno de ser amado sobre todas as coisas. Prometo firmemente, ajudado com a vossa graça, fazer penitência e fugir às ocasiões de pecado. Amém![4]

 

  1. Oração Final

 

Para terminar o nosso Retiro colhendo dele frutos que permaneçam, rezemos:

 

Espírito Santo Consolador, concedei-me o dom da fortaleza.

Fortalecei minha alma para superar as dificuldades de cada dia,

os tormentos das perseguições e as insídias do maligno.

Ajudai-me a ser forte em meio às fraquezas espirituais,

para que eu seja sinal de Teu amor e bondade.

 

Espírito Santo de Luz, concedei-me o dom da sabedoria.

Que eu tenha o discernimento necessário para distinguir o mal do bem,

a mentira da verdade, a guerra da paz.

Que Tua santa sabedoria ilumine os espaços confusos de minha alma.

 

Espírito Santo Paráclito, concedei-me o dom do entendimento,

para que eu compreenda corretamente a vontade do Pai Celestial para minha vida.

Dai-me entender o próximo com amor, misericórdia e paz.

Que eu compreenda, com todo meu ser,

o amor de Cristo Jesus por mim e pela humanidade.

 

Espírito Santo, Advogado Celestial, concedei-me o dom da ciência.

Que, iluminado pela Tua luz divina, eu compreenda corretamente

os planos de Deus para minha vida, e seja obediente aos ensinamentos divinos.

Sendo assim, um sinal permanente da misericórdia do Mestre Jesus no mundo.

 

Espírito Santo, Conselheiro Divino, concedei-me o dom do conselho.

Ilumina meu entendimento, para que eu busque em Deus as respostas para minhas dúvidas e inquietações humanas e espirituais. Colocai em meus lábios palavras que restabeleçam a paz no mundo, e ajudai-me a levar sempre um conselho que devolva às almas aflitas a serenidade em Deus.

 

Divino Espírito Santo, concedei-me o dom da piedade.

Que minhas orações sejam pontes de amor, que unam meu coração ao coração

de Deus Pai e do Cristo Senhor. Que meu fervor espiritual se renove sempre, para que minha alma frutifique na fé e na esperança.

 

Espírito Santo, Consolador dos aflitos, concedei-me o dom do temor de Deus,

para que eu tenha sempre frente meus olhos, a bondade divina, e que meus pensamentos, palavras e ações, não sejam uma ofensa ao amor misericordioso do Pai Celestial.

Assim seja!

 

[1]Papa Francisco, Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões de 2021, 06.01.2021. In:  https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/missions/documents/papa-francesco_20210106_giornata-missionaria2021.html Pesquisado no dia 10.09.2021.

[2] São João Paulo II, Papa. Mensagem Para o dia Mundial das Missões, 1981, Vaticano, Roma. In: https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/messages/missions/documents/hf_jp-ii_mes_07061981_world-day-for-missions-1981.html  pesquisado no dia 29.09.2021.

[3] Chama-se Ato de Contrição Perfeita a um recurso utilizado quando o penitente está impossibilitado de fazer a confissão sacramental e, para não descumprir o segundo mandamento da Igreja: “confessar-se ao menos uma vez por ano por ocasião da Páscoa”, reza fervorosamente uma fórmula de Ato de Contrição, com o firme propósito de receber o Sacramento da Reconciliação tão logo possível.

[4] Retirado do livro ‘Sou Católico, vivo a minha fé, Edições CNBB, 5ª edição 2019.