13/04 – Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo.”

Sábado, 13 de abril de 2024.

 

Evangelho (Jo 6,16-21)

 

“Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”

 

16Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. 17Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles. 18Soprava um vento forte e o mar estava agitado. 19Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros, quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo. 20Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. 21Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo.

 

Reflexão

 

Certa vez foi pedido a um estudioso de mística de exprimir um juízo sobre as revelações. Era uma provocação; o mundo está cheio de céticos, para os quais é dificilmente credível pensar que as coisas sejam realmente como os místicos as viram. O estudioso respondeu simplesmente que, se as pessoas que falaram fossem equilibradas e dignas de fé, então é sensato crer naquilo que afirmaram. E nós, cremos naquilo que dizem os místicos? Os místicos, se diz, “viram”. Mas é de fato importante o que viram? Se se trata de pessoas verdadeiramente espirituais, sabem que não é importante ver, mas compreender aquilo que Deus deseja dizer com a visão, o sentido da visão. O que Jesus queria dizer aos apóstolos caminhando sobre o lago? Este era perigoso devido a força das ondas e do vento, mas não deviam ter medo da força dos elementos, que estão sob o seu poder. Mas aquele gesto era também a preparação ao discurso sobre a eucaristia que deveria pronunciar no dia seguinte a Cafarnaum, o supremo mistério da consagração do mundo visível que se tornará o seu corpo e o seu sangue. Quem sabe podemos afirmar com segurança de acreditar somente naquilo que vemos com olhos e tocamos com as mães, e depois temos medo de qualquer manifestação inexplicável. As fábulas personificavam no misterioso “homem das águas” a força obscura da profundeza dos lagos, na atração dos perigosos bosques. Ver algo desconhecido, que supera a normalidade das coisas conhecidas, desperta este medo voraz. É o mesmo medo dos apóstolos, que Jesus causa com a sua presença. É como um novo grau de revelação. Os hebreus encontravam Deus na história do seu povo, na interpretação dos acontecimentos. Os gregos viam Deus na observação do cosmo e das suas forças. Agora Cristo indica o sentido de todo o visível: É ele o sentido da história, e o cosmos é como um livro de revelações escritos pelas mãos de Deus. Dificilmente se discerne a verdadeira visão das ilusões. Os elementos pera distinguir, porém existem, e um, certamente é este: uma pessoa vítima de uma ilusão perde o interesse pela realidade concreta, começa a desenvolver com negligência os próprios deves e o próprio trabalho. A verdadeira visão, ao contrário, o torna mais ágil. Os apóstolos devem chegar à margem oposta do lago. A visão não provoca um atraso, antes, chegam mais rápido do que o previsto à outra margem. Quantas cartas escrevia Dom Bosco por dia! As verdadeiras visões oferecem uma melhor compreensão da realidade e ajudam a cumprir os deveres concretos.

Pe. Paulo Eduardo Jácomo, SDB.