Retiro Espiritual – Agosto

Retiro Espiritual – Agosto

 

 

“Vocação, o caminho para responder ao chamado de Deus”

 

  1. Introdução

 

Desde o mês de maio deste ano, mensalmente, a Pastoral da Universidade do UniSALESIANO de Araçatuba vem disponibilizando um itinerário para se fazer um Retiro Espiritual. Cada mês, um tema vem sendo proposto como reflexão para o retiro. Neste mês de agosto, o tema é vocacional.

Normalmente, quando falamos de vocação, somos tentados a limitar o tema nos campos da vocação sacerdotal, religiosa, matrimonial e laical, ou seja, a reflexão é sempre sobre o ‘estado de vida’. Mas, acredito que deveríamos expandir o horizonte vocacional. Além de refletir sobre as vocações na Igreja: vida religiosa, vida matrimonial, vida sacerdotal, catequista, vocação leiga (diversas pastorais), vida de solteiro (Sínodo dos Jovens), somos chamados a refletir sobre a nossa vocação no mundo. Estamos numa Universidade Católica Salesiana, precisamos ajudar os jovens a refletirem sobre a sua missão no mundo. A missão que escolheram – diversos cursos – não é só uma preparação profissional, mas é uma preparação para a própria missão no mundo. A vocação de ser: médico, engenheiro, profissional de educação física, psicólogo, médico veterinário, arquiteto, advogado, enfermeiro, farmacêutico, etc…, todos os cursos preparam os jovens para uma missão no mundo. Quando o jovem escolhe uma profissão, ele precisa saber que está respondendo a um chamado vocacional. E toda vocação nos é dada por Deus. O empenho do estudante na universidade, depois a sua colaboração e presença no mundo como um profissional qualificado, é uma resposta vocacional a Deus, que chama cada um a ser no mundo, um cooperador na obra da criação (Laudato Si). Portanto, a vocação de cada um é o caminho para responder ao chamado de Deus. Então, cada um deve se perguntar: Deus, o que queres que eu faça?

 

 

Rezemos:

 

“Espírito Santo de amor, ensina-me o caminho de minha vocação.

Eu quero que minha vida seja bela e plena.

Dá-me coragem para enfrentar as decisões desse meu caminho!

Mãe Aparecida, esteja sempre comigo

e me leve sempre para bem perto de seu Filho Jesus,

para que eu seja perseverante em minha vocação!

Amém”.

 

  1. Meditação I: “Vocação, o caminho para responder ao chamado de Deus.”

 

A primeira coisa que devemos refletir é que Vocação é um chamado. E o primeiro grande chamado que Deus fez a nós é a vida. Deus nos criou com o “sopro” de vida e para a vida: “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado” (Jr 1, 5).

Um segundo elemento importante da nossa reflexão é o fato de que fomos criados à “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26). E sendo Deus santo, no decorrer de nossa vida, também somos chamados a viver em santidade. “Sede santos, porque Eu sou santo” (1Ped 1,16). Eis a nossa primeira vocação, comum a todos os cristãos: o chamado à santidade. O Senhor nos pede santidade e pelo árduo trabalho de nos santificar, Ele nos oferece uma felicidade que não passa. Ao nos conscientizarmos desta vontade de Deus sobre a nossa santidade, vamos perceber que não fomos criados para uma vida insignificante, superficial e incerta.

Quando e como saberemos que estamos no caminho que nos santifica? Quando nossa consciência nos apontar que executamos tudo com amor. Quando nos dedicamos com amor aos estudos, ao trabalho e aos nossos compromissos, damos testemunho de santidade. No convívio com a família, amigos e pessoas conhecidas, damos testemunho de santidade quando nos amamos, sinceramente. Afinal, o próprio Jesus nos indicou:  “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Mc 12,30,31).

Não importa se sua vocação é matrimonial, sacerdotal, religiosa ou à vida consagrada, ser santo é viver com alegria e coragem a própria vocação. “Todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho” (Lumen Gentium, n.11). Ou seja: a santidade é o caminho de todas as vocações!

Até agora refletimos o sentido da vocação ligada ao nosso “ser”, mas a vocação possui outro sentido que está ligado ao nosso “fazer”. Mas, é preciso saber que é difícil fazer esta distinção de modo claro, pois o “ser” e o “fazer” são complementares. Um está de tal modo ligado ao outro que só poderemos ser pessoas felizes se o nosso “ser” e o nosso “fazer” forem desenvolvidos, concomitantemente, integralmente, e em correspondência mútua.

Então, quando falamos de vocação, estamos fazendo referência também àquele talento natural que uma pessoa tem ou desenvolve com facilidade. Por isso, quando realizamos a nossa vocação, encontramos prazer em executar uma ação, e por mais dificuldades que encontre, ela não se sente insatisfeita, nem sequer tem vontade de desistir.

Mas, a vocação também pode ser definida como profissão? Certamente, quando falamos de profissão, também estamos falando do trabalho ou carreira que uma pessoa deseja trilhar. Para se exercer uma profissão, é preciso ter uma vocação. A profissão é uma resposta vocacional. Se a pessoa escolhe a sua profissão pelo simples fato de ter um retorno financeiro satisfatório, pode ser que ela descubra que escolheu um caminho que não a possibilita de se realizar, profissionalmente, e nem tão pouco, humanamente, falando.

Existe uma relação entre vocação e profissão que vai muito além do que você gosta, do serviço que realiza ou do local onde trabalha. É a decisão do caminho que vai seguir em sua vida a partir dessa escolha. A vocação não envolve apenas as suas habilidades e fazer aquilo que te deixa feliz. É você ter forças para ir além do que foi proposto e alcançar os resultados. Ela surge a partir de algo que te deixou incomodado e fez você ir atrás de respostas. A paixão é a sua dedicação naquilo em que acredita. O resultado dessa união entre profissão, paixão e vocação é que você não terá um trabalho cansativo e angustiante. Você estará ali para enfrentar os desafios, fazer o que ama, influenciar vidas e ter satisfação pessoal.

O que podemos dizer é que vocação e profissão são sinônimos de serviço, cada um à sua maneira. A vocação é graça de Deus! Vocação e profissão é missão. Compreender sua missão diante do Reino de Deus também ajuda na hora de optar por uma carreira profissional. Afinal, um pai e esposo, ou uma mãe, pode ser também professor(a), engenheiro(a) ou vendedor(a), mas sem deixar de lado os valores cristãos.

É interessante notar que a geração Y, como são chamados os jovens nascidos entre o início da década de 1980 e meados da década de 1990, já não querem somente o retorno financeiro na profissão. Eles procuram o equilíbrio entre sucesso e satisfação (Vocação e profissão. Afinal, passamos, pelo menos, a metade do dia no trabalho. Então, é melhor que essa atividade seja prazerosa, tanto quanto economicamente benéfica, certo?

Para descobrirmos de maneira acertada a nossa Vocação/Profissão, é importante que você identifique o que te move. O primeiro aspecto que a pessoa precisa considerar na escolha da sua profissão é o que ela pretende com seu trabalho. Seus anseios se limitam a um bom salário? Deseja ajudar pessoas? Conquistar uma posição de poder, na qual você terá autonomia para tomar decisões? Quer gerenciar esquipes? Ou prefere mostrar sua arte para o mundo? O chamado profissional está ligado aos seus talentos, que, se praticados, podem virar uma atividade produtiva. Orientação vocacional tem a ver com sua essência, com o que você acredita e com o que te traz sentimento de satisfação, de missão cumprida.

Concluindo, é preciso, pois, unir vocação e profissão. O filósofo chinês Confúcio dizia: “Escolha um trabalho que você ama e nunca terá que trabalhar um dia sequer em sua vida”. Reflita sobre qual é a sua missão. Onde você enxerga propósito para investir sua dedicação, seu tempo e seu esforço? Descubra a sua vocação.

 

 

  1. Meditação II: MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

PARA O 58º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES[1]

 

[25 de abril de 2021 – IV Domingo da Páscoa]

 

“São José, o sonho da vocação”

 

Queridos irmãos e irmãs!

 

No dia 8 de dezembro passado, teve início o Ano especial dedicado a São José, por ocasião do 150º aniversário da declaração dele como Padroeiro da Igreja universal (cf. Decreto da Penitenciaria Apostólica, 8 de dezembro de 2020). Da parte minha, escrevi a carta apostólica Patris corde, com o objetivo de «aumentar o amor por este grande Santo» (concl.). Trata-se realmente duma figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós» (introd.). São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus.

 

Deus vê o coração (cf. 1 Sam 16, 7) e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto mesmo que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias. O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto mesmo têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida. São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo ao pé da porta; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho.

 

A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um. A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efêmeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se pedíssemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se dá, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, muito nos tem a dizer São José, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom.

 

Os Evangelhos falam de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Apesar de serem chamadas divinas, não eram fáceis de acolher. Depois de cada um dos sonhos, José teve de alterar os seus planos e entrar em jogo para executar os misteriosos projetos de Deus, sacrificando os próprios. Confiou plenamente. Podemos perguntar-nos: «Que era um sonho noturno, para o seguir com tanta confiança?» Por mais atenção que se lhe pudesse prestar na antiguidade, valia sempre muito pouco quando comparado com a realidade concreta da vida. Todavia São José deixou-se guiar decididamente pelos sonhos. Por quê? Porque o seu coração estava orientado para Deus, estava já predisposto para Ele. Para o seu vigilante «ouvido interior» era suficiente um pequeno sinal para reconhecer a voz divina. O mesmo se passa com a nossa vocação: Deus não gosta de Se revelar de forma espetacular, forçando a nossa liberdade. Transmite-nos os seus projetos com mansidão; não nos ofusca com visões esplendorosas, mas dirige-Se delicadamente à nossa interioridade, entrando no nosso íntimo e falando-nos através dos nossos pensamentos e sentimentos. E assim nos propõe, como fez com São José, metas elevadas e surpreendentes.

 

Na realidade, os sonhos introduziram José em aventuras que nunca teria imaginado. O primeiro perturbou o seu noivado, mas tornou-o pai do Messias; o segundo fê-lo fugir para o Egito, mas salvou a vida da sua família. Depois do terceiro, que ordenava o regresso à pátria, vem o quarto que o levou a mudar os planos, fazendo-o seguir para Nazaré, onde precisamente Jesus havia de começar o anúncio do Reino de Deus. Por conseguinte, em todos estes transtornos, revelou-se vitoriosa a coragem de seguir a vontade de Deus. Assim acontece na vocação: a chamada divina impele sempre a sair, a dar-se, a ir mais além. Não há fé sem risco. Só abandonando-se confiadamente à graça, deixando de lado os próprios programas e comodidades, é que se diz verdadeiramente «sim» a Deus. E cada «sim» produz fruto, porque adere a um desígnio maior, do qual entrevemos apenas alguns detalhes, mas que o Artista divino conhece e desenvolve para fazer de cada vida uma obra-prima. Neste sentido, São José constitui um ícone exemplar do acolhimento dos projetos de Deus. Trata-se, porém, de um acolhimento ativo, nunca de abdicação nem capitulação; ele «não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte» (Carta ap. Patris corde, 4). Que ele ajude a todos, sobretudo aos jovens em discernimento, a realizar os sonhos que Deus tem para cada um; inspire a corajosa intrepidez de dizer «sim» ao Senhor, que sempre surpreende e nunca desilude!

 

Uma segunda palavra marca o itinerário de São José e da vocação: serviço. Dos Evangelhos, resulta como ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O Povo santo de Deus chama-lhe castíssimo esposo, desvendando assim a sua capacidade de amar sem nada reservar para si próprio. Libertando o amor de qualquer posse, abriu-se realmente a um serviço ainda mais fecundo: o seu cuidado amoroso atravessou as gerações, a sua custódia solícita tornou-o patrono da Igreja. Ele que soube encarnar o sentido oblativo da vida, é também patrono da boa-morte. Contudo o seu serviço e os seus sacrifícios só foram possíveis, porque sustentados por um amor maior: «Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este gênero de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração» (Ibid., 7).

 

O serviço, expressão concreta do dom de si mesmo, não foi para São José apenas um alto ideal, mas tornou-se regra da vida diária. Empenhou-se para encontrar e adaptar um alojamento onde Jesus pudesse nascer; prodigalizou-se para O defender da fúria de Herodes, apressando-se a organizar a viagem para o Egito; voltou rapidamente a Jerusalém à procura de Jesus que tinham perdido; sustentou a família trabalhando, mesmo em terra estrangeira. Em resumo, adaptou-se às várias circunstâncias com a atitude de quem não desanima se a vida não lhe corre como queria: com a disponibilidade de quem vive para servir. Com este espírito, José empreendeu as viagens numerosas e muitas vezes imprevistas da vida: de Nazaré a Belém para o recenseamento, em seguida para Egito, depois para Nazaré e, anualmente, a Jerusalém, sempre pronto a enfrentar novas circunstâncias, sem se lamentar do que sucedia, mas disponível para dar uma mão a fim de reajustar as situações. Pode-se dizer que foi a mão estendida do Pai Celeste para o seu Filho na terra. Assim não pode deixar de ser modelo para todas as vocações, que a isto mesmo são chamadas: ser as mãos operosas do Pai em prol dos seus filhos e filhas.

 

Por isso gosto de pensar em São José, guardião de Jesus e da Igreja, como guardião das vocações. Com efeito, da própria disponibilidade em servir, deriva o seu cuidado em guardar. «Levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe» (Mt 2, 14): refere o Evangelho, indicando a sua disponibilidade e dedicação à família. Não perdeu tempo a cismar sobre o que estava errado, para não o subtrair a quem lhe estava confiado. Este cuidado atento e solícito é o sinal duma vocação realizada. É o testemunho duma vida tocada pelo amor de Deus. Que belo exemplo de vida cristã oferecemos quando não seguimos obstinadamente as nossas ambições nem nos deixamos paralisar pelas nossas nostalgias, mas cuidamos de quanto nos confia o Senhor, por meio da Igreja! Então Deus derrama o seu Espírito, a sua criatividade sobre nós; e realiza maravilhas, como em José.

 

Além da chamada de Deus – que realiza os nossos sonhos maiores – e da nossa resposta – que se concretiza no serviço pronto e no cuidado carinhoso –, há um terceiro aspecto que atravessa a vida de São José e a vocação cristã, cadenciando o seu dia a dia: a fidelidade. José é o «homem justo» (Mt 1, 19) que, no trabalho silencioso de cada dia, persevera na adesão a Deus e aos seus desígnios. Num momento particularmente difícil, detém-se «a pensar» em tudo (cf. Mt 1, 20). Medita, pondera: não se deixa dominar pela pressa, não cede à tentação de tomar decisões precipitadas, não segue o instinto nem se cinge àquele instante. Tudo repassa com paciência. Sabe que a existência se constrói apenas sobre uma contínua adesão às grandes opções. Isto corresponde à laboriosidade calma e constante com que desempenhou a profissão humilde de carpinteiro (cf. Mt 13, 55), pela qual inspirou, não as crônicas da época, mas a vida cotidiana de cada pai, cada trabalhador, cada cristão ao longo dos séculos. Porque a vocação, como a vida, só amadurece através da fidelidade de cada dia.

 

Como se alimenta esta fidelidade? À luz da fidelidade de Deus. As primeiras palavras recebidas em sonho por São José foram o convite a não ter medo, porque Deus é fiel às suas promessas: «José, filho de David, não temas» (Mt 1, 20). Não temas: são estas as palavras que o Senhor dirige também a ti, querida irmã, e a ti, querido irmão, quando, por entre incertezas e hesitações, sentes como inadiável o desejo de Lhe doar a vida. São as palavras que te repete quando no lugar onde estás, talvez no meio de dificuldades e incompreensões, te esforças por seguir diariamente a sua vontade. São as palavras que descobres quando, ao longo do itinerário da chamada, retornas ao primeiro amor. São as palavras que, como um refrão, acompanham quem diz sim a Deus com a vida como São José: na fidelidade de cada dia.

 

Esta fidelidade é o segredo da alegria. Como diz um hino litúrgico, na casa de Nazaré reinava «uma alegria cristalina». Era a alegria diária e transparente da simplicidade, a alegria que sente quem guarda o que conta: a proximidade fiel a Deus e ao próximo. Como seria belo se a mesma atmosfera simples e radiosa, sóbria e esperançosa, permeasse os nossos seminários, os nossos institutos religiosos, as nossas residências paroquiais! É a alegria que vos desejo a vós, irmãos e irmãs que generosamente fizestes de Deus o sonho da vida, para O servir nos irmãos e irmãs que vos estão confiados, através duma fidelidade que em si mesma já é testemunho, numa época marcada por escolhas passageiras e emoções que desaparecem sem gerar a alegria. São José, guardião das vocações, vos acompanhe com coração de pai!

 

Roma, São João de Latrão, 19 de março de 2021, Solenidade de São José

 

Francisco

 

  1. Para Recordar:

 

1- “Ao conformarmos a nossa vida com a Sua, vivendo como Ele no amor, adquirimos a verdadeira liberdade para respondermos à nossa vocação”. (S. João Paulo II)

 

2- “Foi só o amor de Jesus que me pode fazer superar essas dificuldades e as outras seguintes, pois foi de seu agrado fazer-me realizar minha vocação através de provações muito grandes”. (Santa Teresinha do Menino Jesus)

 

3- “Grandes coisas o Senhor nos promete no futuro! Por que a fraqueza humana ainda hesita em acreditar que, um dia, os homens viverão em Deus? Muito mais incrível é o que já aconteceu: Deus morreu pelos homens”. (Santo Agostinho)

 

4- “Confie nas mãos de Deus todos os seus cuidados com o futuro e deixe-se guiar pelo Senhor como uma criança pequena”. (Santa Benedita da Cruz)

 

5- “A melhor coisa para nós não é o que consideramos melhor, mas o que o Senhor quer de nós”. (Santa Josefina Bakhita)

 

6- “A qualquer um de nós Deus indicou o caminho, a vocação e, além da vida física, a vida da graça. De seguir direito nossa vocação depende a nossa felicidade terrena e eterna”. (Santa Gianna)

 

7- “Habitue-se a ouvir a voz do seu coração. É através dele que Deus fala conosco e nos dá a força que necessitamos para seguirmos em frente, vencendo os obstáculos que surgem na nossa estrada”. (Santa Dulce dos Pobres)

 

8- “O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém. Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtém três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez sem vinho e vida sem morte”. (São Francisco de Assis)

 

  

  1. Exame de Consciência

 

Aconselho a você que, para se fazer um bom exame de consciência, é importante estar em um lugar tranquilo, preferivelmente, diante do sacrário, para orar. É Deus quem pode iluminar sobre nossa realidade e nos dar os meios para responder à graça. Não é enumerar pecados, mas sim descobrir a atitude do coração e com DOR POR NOSSOS PECADOS, FAZER O FIRME PROPÓSITO DE NÃO VOLTAR A COMETÊ-LOS.

 

Sempre há áreas nas quais somos mais fracos e requerem atenção especial, mas, se compreendermos que Cristo é a medida, veremos que em tudo temos muito que crescer.

 

Examinando a consciência:

 

  1. Sou conhecedor de que a minha primeira vocação é a vocação cristã e que viver esta vocação é para mim caminho de santificação? Sou consciente de que para viver a vocação cristã eu preciso permanecer no amor de Deus?

 

  1. “Eu sou uma missão nesta terra e, por isso, estou neste mundo” (Papa Francisco). Tenho consciência de que a minha vocação vivida como resposta profissional é também um caminho para viver a minha missão no mundo? Tenho levado a sério o meu estudo como pessoa consciente que se prepara, através da realização profissional, para exercer em nome de Deus uma missão no mundo? Tenho conhecimento de que minha profissão não é status, mas uma missão que foi a mim confiada por Deus?

 

  1. “O Senhor que indica a margem para onde ir” (Papa Francisco). Tenho pensado e organizado o meu Projeto de Vida, procurando de tal modo, que ele tenha correspondência com a vontade de Deus para mim? Tenho consciência de que o meu Projeto de Vida não pode ser elaborado como um cálculo matemático, mas que ele é uma resposta elaborada ao chamado que Deus me fez à missão que Ele me confia?

 

  1. Escutar, discernir e viver a Palavra de Deus. Tenho escutado, discernido e vivido a Palavra de Deus consciente de que ela me ajuda a desenvolver meus talentos, de forma que eles se tornem estratégicas ferramentas para o desenvolvimento do mundo?

 

  1. Tenho consciência de que não estou submerso no acaso, mas que sou projeto de Deus para o mundo? Estou ciente de que a minha vida e a minha presença no mundo são fruto de uma vocação divina?

 

 

  1. Ato de Contrição[2]

 

Senhor, eu me arrependo sinceramente de todo mal que pratiquei e do bem que deixei de fazer. Pecando, eu vos ofendi, meu Deus e meu sumo bem, digno de ser amado sobre todas as coisas. Prometo firmemente, ajudado com a vossa graça, fazer penitência e fugir às ocasiões de pecado. Amém![3]

 

  1. Oração Final

 

Para terminar o nosso Retiro. colhendo dele frutos que permaneçam, rezemos:

 

Oração do Papa Francisco pelas Vocações

 

Pai de misericórdia, que destes o vosso Filho pela nossa salvação e sempre nos sustentais com os dons do vosso Espírito, concedei-nos comunidades cristãs vivas, fervorosas e felizes, que sejam fontes de vida fraterna e suscitem nos jovens o desejo de se consagrarem a Vós e à evangelização. Sustentai-as no seu compromisso de propor uma adequada catequese vocacional e caminhos de especial consagração. Dai sabedoria para o necessário discernimento vocacional, de modo que, em tudo, resplandeça a grandeza do vosso amor misericordioso. Maria, Mãe e educadora de Jesus, interceda por nossa comunidade cristã, para que, tornada fecunda pelo Espírito Santo, seja fonte de vocações autênticas para o serviço do povo santo de Deus.

Assim seja!

 

[1] In: https://magisbrasil.com/58oracaopelasvocacoes-20210423. Pesquisado em 07.07.21.

[2] Chama-se Ato de Contrição Perfeita a um recurso utilizado quando o penitente está impossibilitado de fazer a confissão sacramental e, para não descumprir o segundo mandamento da Igreja: “confessar-se ao menos uma vez por ano por ocasião da Páscoa”, reza fervorosamente uma fórmula de Ato de Contrição, com o firme propósito de receber o Sacramento da Reconciliação tão logo possível.

[3] Retirado do livro ‘Sou Católico, vivo a minha fé, Edições CNBB, 5ª edição 2019.

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