08/05 – As minhas ovelhas escutam a minha voz… .
Domingo, 08 de maio de 2022. – IV Domingo da Páscoa C
Evangelho (Jo 10,27-30)
“As minhas ovelhas escutam a minha voz…”
Naquele tempo, disse Jesus: 27“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. 29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.
Reflexão
Hoje celebramos o Domingo do Bom Pastor. Jesus se apresenta como o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. A imagem do “Pastor” está muito presente no Antigo Testamento e na Tradição cristã. Os profetas atribuíram ao futuro descendente de Davi o título de “pastor de Israel”. Jesus é o verdadeiro Pastor de Israel. “Dou às minhas ovelhas a vida eterna e nunca hão de perecer” (Jo 10,28). Jesus ainda afirma que o Bom Pastor oferece a vida por suas ovelhas. Jesus dispõe com liberdade a sua vida. Cristo é o verdadeiro Bom Pastor que deu a vida por suas ovelhas, por nós, imolando-se na Cruz. Jesus conhece as suas ovelhas e elas o conhecem. Não é um conhecimento intelectual, mas uma relação pessoal profunda; um conhecimento do coração, próprio de quem ama e é amado; de quem é fiel e de quem sabe que, por sua vez, se pode confiar; um conhecimento de amor em virtude do qual o Pastor convida os seus a segui-lo, e que se manifesta plenamente no dom que lhes faz da vida eterna (cf. Bento XVI). Jesus toma o pastor como imagem da sua missão. “Eu sou o Bom Pastor… as ovelhas conhecem a minha voz…” Podemos nos perguntar: como é possível conhecer a voz do Senhor? Conhecem porque Ele é Bom! O pastor bom é aquele que, vivendo a ameaça do egoísmo, se converte em dar a vida. Quem só em si não poderá jamais reconhecer Deus, porque Deus é altruísmo infinito. Quem se preocupa só em acumular, não poderá jamais reconhecer Deus, porque Deus é Aquele que se dá a Si mesmo. Existe uma verdadeira incompatibilidade entre Deus e o egoísta; entre Deus e o avarento; entre Deus e o orgulhoso. Uma comunidade impregnada de caridade é terreno fecundo para as vocações. Uma sociedade que só pensa em “gozar a vida” é alérgica a Deus. Nós possuímos o primado do bem-estar sem alma; o primado dos homicídios; o primado dos suicídios; o primado das drogas, dos abortos, dos divórcios, da frieza, somos graduados no egoísmo. Mas não somos felizes: solidão, incompreensão, tristeza e nervosismo, são os nossos problemas. O que nos falta? Falta Alguém, falta Deus, falta Jesus. A se pudéssemos compreender isso! A imagem do Pastor evoca a ideia da vida como caminho. Estamos em viagem: coitados de nós se esquecermos esta verdade. As tribulações, as doenças, são males do exílio, são avisos do distanciamento de casa. Ao mesmo tempo a vida se torna uma exaltante e empenhada espera pelo encontro. É como dizia Santa Tereza D’Ávila quando escutava o sino do relógio bater: “Que alegria! Uma hora a menos a esperar!”.
Pe. Paulo Eduardo Jácomo, sdb.