19/04 – Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.

Sexta-feira, 19 de abril de 2024.

 

Evangelho (Jo 6,52-59)

 

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.”

 

Naquele tempo, 52os judeus discutiam entre si, dizendo: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” 53Então Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. 58Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre”. 59Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum.

 

Reflexão

 

Deve ser mesmo escandaloso quando alguém te diz que você deve comer da sua carne e beber do seu sangue para ser salvo. Parece um terrível convite ao canibalismo. É justamente por isso que os judeus perguntavam em alta voz“: Como é que ele pode dar a sua carne a comer?”. Mas Jesus não voltou atrás na sua afirmação: “Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. São Tomaz nos explica a diferença. Inspirado em Aristóteles ele explica que a realidade é composta por duas coisas: Substância e acidente. A substância é aquilo que é uma coisa na sua realidade mais profunda. O acidente é a parte externa. Banalizando, é como dizer que quando alguém quer dizer a um outro que o ama, o abraça. Na substância, isso é amor, externamente um abraço. A Eucaristia é a mesma coisa: em substância é realmente Jesus, externamente é pão e vinho, assim sendo o pão e o vinho são a parte externa de uma realidade muito mais profunda. Neste sentido nós comemos e bebemos realmente o corpo e o sangue de Cristo. Não simbolicamente, mas realmente. Porque os sacramentos são em substância de algo mais profundo mesmo apoiando-se externamente em algum sinal. O que conta, porém, é que muitas vezes devemos fazer a experiência escandalosa do sinal externo. Isso aconteceu também com a expectativa do povo eleito. A espera de um Messias libertador deveria se relacionar com a realidade de um menino frágil, nascido pobre e quase em segredo. No entanto, aquele menino é o Filho do Onipotente. Se é Onipotente porque assume a forma da fraqueza e da fragilidade?  Porque a potência de Deus não é jamais prepotência, é a “força gentil” diria Newman de quem sabe que a força que pode tudo é o Amor. Eis porque o Onipotente se manifesta no Filho pregado na Cruz, e também isto é um escândalo.

Pe. Paulo Eduardo Jácomo, SDB.