20/04 – A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.

Sábado, 20 de abril de 2024.

 

Evangelho (Jo 6,60-69)

 

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”

 

Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? 62E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? 63O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64Mas entre vós há alguns que não creem”. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo. 65E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. 66A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. 67Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” 68Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.

 

Reflexão

 

“Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?”. Por que estamos dispostos a aceitar uma coisa como verdadeira e outras não? Porque uma corresponde ao nosso modo de pensar e a outra não. A palavra “louco” é relativa. O que normal e o que, não é? Hoje seria considerado “louco” um que anda por aí vestido de Napoleão, mas no tempo de Napoleão isso seria considerado a máxima elegância. Por isso se aconselha aos pregadores que desejam sucesso de dirigirem-se aos seus interlocutores tendo em conta os tipos de pessoas, começando em dizer algo que com certeza desejaria ouvir. Somente depois que o “gelo é quebrado” é que se estabelece a comunicação, propondo algo mais sério, que se tive sido dito por primeiro, certamente teria sido rejeitado. Este é um bom conselho usado também na pedagogia divina. Mas não é um conselho infalível. As verdades fundamentais de Cristo estão muitas vezes em oposição radical à mentalidade do mundo. Por isso muitas pessoas rejeitam a fé cristã, também se no início podem parecer dispostas ao anúncio do evangelho. “Vós também vos quereis ir embora?”. Não é gratificante ser um orador ou um professor de sucesso que a um certo ponto perde a graça com o público e vê distanciarem-se todos, também os mais próximos. Na política, para garantir o consenso, se muda radicalmente o próprio programa. A acusação que se faz à Igreja ao invés é, que esta se rejeita a mudar e que com a imobilidade arrisca de perder o povo. Se pode responder com um exemplo usado pelos professores do seminário. Um sacerdote está na porta da igreja e fora tem muita gente. Ninguém pode entrar, porque entre as pessoas e a porta tem um buraco. Agora o sacerdote começa a trabalhar para encher o buraco com tudo aquilo que encontra na igreja: imagens, bancos, objetos. Ao final o buraco é tampado e as pessoas entram na igreja com alegria. Mas na igreja não tem mais o sacrário. A pergunta dirigida por Jesus aos apóstolos não seguia certamente esta tática. “A quem iremos, Senhor?”. Jesus faz uma pergunta direta que arrisca de receber uma resposta dolorosa. Os apóstolos são livres para ir embora, ao invés, permanecem. Pedro, destinado com o nome a reforçar a fé dos outros, explica a verdadeira razão. Ele acreditou nas palavras de Cristo não porque eram compreensíveis, úteis; não refletiu nem muito sobre o significado delas. Mas agora está claro que Cristo e as suas palavras são uma única coisa e, se se rejeita a sua palavra, se separa d’Ele. Na fé de fato existem dois aspectos: Crer em algo e crer em alguém. Para crer em algo não é necessário amar, mas para crer em alguém precisa primeiro amá-lo. De outra parte a confiança aumenta e fortifica o amor. Eis porque a fé, no fundo, não aprisiona mistérios incompreensíveis. Se tem a confiança, tem o amor que tudo crê e tudo espera.

Pe. Paulo Eduardo Jácomo, SDB.